Escrita Criativa: 4 Perguntas a se Fazer Ao Escrever Uma Cena Romântica

 

Escrever Uma Cena Romântica:

Tanto faz se você está escrevendo um livro romântico ou apenas algumas cenas em sua história, M. M. Crane aqui quatro perguntas fundamentais para fazer a si mesmo quando for desenvolver as partes mais picantes.

Adianto que a leitura é importante e ajuda a pensar todo tipo de situação dentro da escrita literária, não apenas os momentos de intimidade.

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Tendo escrito mais de 130 livros, a maioria romances, tive que praticar muito a escrita de cenas românticas. E como adaptar a cena – e seu calor – à história que estou contando.

Aqui estão quatro perguntas que você pode se fazer ao abordar essas cenas em sua escrita:

1. Que tipo de livro estou escrevendo?
Mal consigo contar para vocês quantas vezes li cenas que se iniciavam docemente românticas e acabavam em uma cena profundamente erótica. Eu amo livros doces e livros eróticos, não me interpretem mal. Mas como leitora, fico um pouco irritada quando o livro é lido como se fosse uma coisa e de repente, se transforma em outra coisa totalmente diferente.

Seus personagens devem descobrir quem são, pela maneira como tocam um ao outro, mas preste atenção principalmente nas pistas que você está dando nas cenas não-íntimas.

Eles ficam vermelhos de vergonha todas as vezes que se veem e nunca sonham com seu interesse amoroso de forma íntima, ou imaginam o que podem fazer juntos quando estiverem nus? Se a resposta for a primeira opção, eles deveriam se tocar e pensar um no outro de forma respeitosa. Se for a segunda, seria estranho se logo de cara eles rasgassem as roupas um do outro e de repente, ficassem travados.

 

2. Quem são esses personagens?
Aumentar a temperatura entre seus personagens deve parecer natural. Deve parecer inevitável. Em um romance, as cenas de amor devem avançar o arco emocional da história ou então, não deveriam estar lá. Boas cenas de amor devem alterar a trajetória da narrativa. Eles pioram as coisas? Eles tornam as coisas melhores? Como isso afeta o relacionamento? Se a cena não faz uma pergunta sobre o relacionamento e depois responde, é provável que não precise estar lá.

Como você faz isso? Você vai fundo em seus personagens e descobre o que eles querem. O que eles acham que não podem ter. O que eles têm medo de pedir. O que a intensidade da experiência que eles estão tendo na cena irá revelar a eles. O que isso pode mostrar a eles sobre si mesmos e como isso os forçará a ir para um novo lugar que eles não poderiam ter alcançado de outra forma.

Mais do que isso, as cenas de amor devem ser únicas.

Se já houver uma fórmula pronta e parecer que esses podem ser quaisquer personagens, faltará o peso emocional que uma boa cena de amor deveria ter. Também será pulável. Se, no entanto, você escrever uma cena de amor que só poderia ocorrer entre os personagens que você criou, porque apenas eles se comportam de maneiras específicas, isso é memorável, sutil e infinitamente mais atraente.

3. O que mantém os personagens separados?
Uma amiga minha sempre diz que o que ela quer saber sobre qualquer história de romance, imediatamente, é o que os impede de ficarem juntos. Em uma estória de amor é esperado uma jornada do herói em que uma barreira impede que coisas acontecem e os personagens tentam superar. Essa definição, geralmente, é feita junto aos demais tropos (enredos) que usará no livro, mas também é algo para ir vendo o que fica bom à medida que avança nas cenas mais românticas do romance.

Quando você escreve uma cena romântica, certamente não precisa ser de sexo real. Mas se está escrevendo um diálogo ou se concentrando em um momento profundamente romântico – um toque, um olhar, um instante inesperado de compreensão – ou realmente escrevendo uma cena de sexo completa, você precisa saber a mensagem que quer passar.

O que os personagens têm a perder? Do que eles têm medo? No que eles estão se agarrando com todas as suas forças, que se apaixonar os forçará a desistir? As respostas para isso devem permear cada momento de conexão que seus personagens têm. Os próprios personagens podem não ser capazes de apontar exatamente o que está acontecendo com eles, mas algo dentro deles sempre sabe que o verdadeiro terror de se apaixonar, é a vulnerabilidade.

Se seus personagens fazem sexo na página ou não, o que eles estão fazendo quando se apaixonam é se despir. Mesmo que fiquem com as suas roupas, eles estão mostrando seu verdadeiro eu um para o outro. Eles estão encarando a pessoa por quem estão se apaixonando e, ao fazê-lo, encarando a si mesmos.

Sem máscaras. Sem esconderijos. E quanto mais você mostrar suas vulnerabilidades particulares, mais sem fôlego e emocionante o leitor vai achar a história de como eles encontram o caminho um para o outro.

4. Na dúvida, por que não os isolar?
Quando você começa a escrever histórias de romance, é provável que ouça o mesmo conselho (muito bom): qualquer conflito que seus personagens possam ter, deve ser algo que eles não poderiam resolver com uma conversa rápida se estivessem presos em uma sala juntos. A razão pela qual isso não funciona, é porque, se uma única conversa pode resolver tudo, você passará o livro inteiro criando razões externas para garantir que a conversa não ocorra. Isso torna o livro menos emocionante para o leitor, e romances devem ser emocionantes!

É comum os leitores ridicularizarem os livros que têm muitos problemas externos que giram em torno de conflitos internos insuficientes como livros de “grande mal-entendido”. Isso significa, novamente, que os personagens de alguma forma evitaram ter aquela conversa importante que mudaria tudo.

Muitas vezes, gosto de abordar esse tipo de coisa colocando meus personagens em proximidade forçada para ver o que acontece. No meu livro Reckless Fortune, os personagens principais caíram de avião no deserto do Alasca, onde não têm nada a fazer a não ser analisar a valocidade com que o inverno está se aproximando e lidar com o relacionamento entre eles, porque acham que podem morrer, então é hora de serem muito, muito honestos.

No final, acho que quando se trata de romance e cenas românticas, você nunca pode ir de forma muito rápida – e se for fiel aos personagens e à história que está contando, trará o respeito dos leitores – indo direto para as suas estantes.

Link da fonte: writers digest

 

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