Descrição
PEDRA ANTROPOFÁGICA
A poesia sem rima, sem clima, sem vida. Esta poesia caraíba
que consome a si mesma, amena, plena e indigesta,
que transita dentre as pedras num caminho sem volta.
A pedra no caminho que transborda a água do copo oceânico da
impaciência que a demência do tempo não apaga. O peso mineral
do pedaço de inconsciente de uma mente fragmentada e perturbada.
A pedra que consome o momento, que ninguém remove, nem o vento.
A pedra, que na antropofagia de si mesma, num canibalismo sutil e
desastrado extingue suas próprias energias, devorando seu corpo e
permanecendo inata, prostrada diante de um peregrino confuso
que não sabe se a transpassa ou se a contempla.
A construção de um fundamento, do argumento simples, simplório,
num alicerce de uma estrutura moderna e futuresca que divide olhares
e opiniões.
Estrutura prima, sedimentária, ígnea, sem tamanho nem forma. Que cabota
a força num movimento preciso que resiste ao quadrilátero ferrífero.
A transcendência possível pela permanência de uma pedra, do transtorno,
do engodo. O incômodo no caminho que tortura o pé descalço,
a mente incompleta, a vista coberta e a carência do espírito que nunca tropeçou.
Marco Buzetto
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