ABAIXO ASSINADO E OUTROS CONTOS INTERESSANTES

Aqui estou eu, no enterro de um amigo. Nada de anormal… Se ele não fosse o presidente da República do meu país. Acompanhei sua trajetória até a presidência, e até sua morte. Fui um colega de escola e, depois disso, nossos destinos se distanciaram. Até que o encontrei dando aula na faculdade em que eu estava estudando. Desde essa época, nunca mais perdemos o contato. Após essa breve apresentação, entro agora no mais famoso velório desse último milênio, o do presidente que levantou o Brasil a partir do ano 3504. Mas que, alguns anos depois, trouxe um mar de lama, arrasou tudo o que tinha construído.

– Ele não merecia morrer…
– Merecia, sim, hômi!
– Como ele não existirá outro. Foi a luz no fim do túnel.
– Foi safado, calhorda! Corrupto assim, jamais!! Votei nele cinco veiz.
– Ele comeu no meu bar.
– O primeiro emprego dele foi na minha loja…

Essas foram algumas das despedidas de eleitores, amigos, inimigos, emocionados ou decepcionados com o melhor (e o pior) presidente do Brasil. Pra vocês entenderem, vamos voltar ao ano de 3448, o ano de mais uma eleição para presidente. O país estava irreconhecível: sem cor nem amor, com pessoas rancorosas e muita tristeza. Ele era um candidato azarão, sem nenhuma tradição política; era só um lutador, um idealista.