Livro: Um Entardecer a Paradoxo, de Igor Becati

 

Um entardecer a paradoxo é um romance de formação que traz questões sobre a realidade que nos cerca, sobre os eventos que nos governam e sobre as dúvidas que temos – e achamos ter.

Enrico é uma criança, como qualquer outra, que tem vontades, desejos e aspirações. Vê o mundo como um lugar vasto e colorido, bonito e divertido, à medida que cresce ao lado da mãe. Eleonora – mãe de Enrico – é o oposto. Vive a vida com contornos difusos e turvos. A relação dos dois, portanto, é um pouco conturbada, pois Eleonora não quer que seu filho cresça. É traumatizada pelas suas relações familiares do passado. O livro se trava em uma disputa sobre quem atravessará primeiro a linha de chegada: Enrico, com seu desejo de crescer e se tornar quem quiser? Ou Eleonora, que, de forma metafórica, conseguirá prender o filho para sempre em seus laços? Este romance de formação ensina como as transições das fases mais memoráveis de nossas vidas se moldam, a partir de experiências que, expressivas ou não, são, quando muito, paradoxais.

{texto de orelha do livro}

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PRÓLOGO

“Se fosse a mim permitido novamente residir nas estetas regozijantes da ignorância, eu iria fazer delas a minha morada logo no primeiro momento. De repente, eu só esteja a intuir nas causas, nos porquês e nas perguntas por causa de minha vontade gulosa em querer crescer, e quando a realizou, não quis imaginar, supor ou crer como elas seriam.
No conforto da infância, jamais pensava que havia um relógio. Havia, mas marcava sempre o agora. Não existia pressa, correria – existia só a vontade de se crescer e de me tornar aquilo que tinha mais vontade – e também de fazer as coisas cujas vontades representam desejos; é só o que você vê, para entender ainda é cedo. E por isso cresci, amadureci. Até de repente ter me tornado aquilo refletido nos meus desejos e ânsias, aspirações, quereres… “Crescer é isso?” Comecei a me perguntar a respeito. Estava na trilha dos meus sonhos – um aspirante a ator, mas perturbado com o fato de ver a vida fazer o que fazia com minha mãe. E então comecei a entender que o crescer é apenas uma formalidade adulta para a realidade. O mundo real está longe de devaneios fantásticos, que, acostumados com minha mente de criança, criava um herói para cada vilão, fazia cada história tornar o seu percurso e o resolvia. Não! O mundo real tem outro governante de eventos, de tramas… E era essa realidade que eu enfrentava.

 

Igor Becati é professor de Literatura e Língua Portuguesa. Publicou, em 2018, sua primeira antologia de contos Fardo de Narrador. Um Entardecer a Paradoxo é sua estreia no romance.

 

 

Apresentação 

 

Como percebemos o tempo à nossa volta? Qual a linha tênue que separa a infância da juventude? A vida adulta da velhice? A partir de quais fatos conseguimos enxergar um medo ganhar forma todos os dias? Quando é que ele deixa de fazer sentido e se transforma no mais banal dos acontecimentos de uma vida?

Um entardecer a paradoxo é um romance de formação que traz questões sobre a realidade que nos cerca, sobre os eventos que nos governam e sobre as dúvidas que temos – e achamos ter. Nele, é possível combinar uma gama de linguagem e incerteza – com uma sina tenebrosa e pedante que todo Albuquerque está fadado a carregar. Até que uma resposta muda tudo.

 

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  (   (   SELEÇÃO de TRECHOS   )    )
1ª PARTE
I

Enrico aparentava-se doente havia três dias, até que na noite de ontem a febre viera para alertar sua mãe que precisariam-se de cuidados médicos mais eficazes. Se ele tivesse ficado há uma semana, Eleonora poderia contar com ajuda de Abgail, mas ela se mudara para um bairro mais longe dali. Os chás e xaropes caseiros falharam, assim como falharam as rezas e preces que, mesmo sendo maternas, entraram por uma beirada do berço e saíram pela outra, sem que se pregassem no menino. A canja de galinha que fizera-o comer antes de dormir fez com que Enrico ficasse aquecido até quase duas da manhã, quando ranhetara os gritos incômodos e fez com Eleonora depressa acordasse para cuidar dele.

*


Enrico Albuquerque, em seus anos mais dispersos da infância, quase enveredando-se numa adolescência incógnita, mas curiosa, conversava consigo mesmo para ver se entendia sobre o que a vida se pauta: “se a gente mora numa casa, compra coisas para comer, comemos essas coisas, e compramos de novo, como fazem as formigas?” Ele sabia que as formigas moravam em formigueiros, sabia também que carregavam os restos de comidas da rua ou então das casas, pois avistava-as em fileiras atrás ou do lado da pia, sempre com migalhas a caminho de um lugar que Enrico queria muito saber como era por dentro. Sua ideia do interior de um formigueiro foi moldada quando assistiu ao filme Vida de Inseto. Desde então, interessou-se pelo mundo das formigas.

 

*


Quando acorda, assovia, liga a tevê e, caso algum comercial passe alguma música, ela dança. Ou então, liga o rádio, e assim canta errando a letra, dança, errando os passos, mas uma coisa sempre esteve, a partir de certa época, presente no rosto e semblante de Eleonora Albuquerque: um sorriso. Ela o mantinha mesmo não tendo razão para ser feliz. Não mais. Mas tudo à sua volta lhe alegrava. E era isso que tentava transparecer a todos com quem conversava, lembrando de piadas sem graça, repetindo-as mesmo assim… Não estava louca – tinha sua mentalidade em perfeito estado desde quando Enrico crescera, desde quando era mais nova, desde sempre; apenas da data que não se lembra muito bem. Estava apenas velha. E, nesse último quase lapso de concepção temporal, vivia.

 

OPINIÃO DE QUEM LEU

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Avaliação 5 de 5
Nicholas Henrique Lúcio da Fonseca – janeiro 4, 2023
“Recomendo este livro para querem que gostam de ler e que ñ gostam de ler.”

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