Livro: A Ilha Sinfônica de Adecir das Chagas Gomes

O poeta multi-publicado Adecir Gomes nos brinda com o som da poesia neste deliciosa Ilha Sinfônica (editora Trevo)

AMOR EM SILÊNCIO

O amor perdeu a sua voz,
Na prepotência ressentida;
Magoada, entristecida, sem vida,
Fechada na casa não servida.

O amor enturveceu sua luz,
Não foi compreendido na cruz;
Em silêncio de calvário,
No sacrifício do suplício,

Entre o galho e as folhas,
Saboreio os frutos do lenho,
Na sombra das árvores,
Refazendo-me no engenho.

No corpo do silêncio,
Sussurra a experiência;
Do amor em audiência,
Entre a vida e o ofício.

 

Sobre o autor

Adecir das Chagas Gomes, nascido no dia dezesseis de setembro de mil novecentos e oitenta e três, (16/09/1983), na cidade de Pão de Açúcar – AL. Filho de Maria Jose das Chagas Gomes e Jose Vieira Gomes. É o sétimo filho de uma família de 15 irmãos. Publicou o seu primeiro livro “Sinfonia no alvorecer” e em várias coletâneas, entre elas: Madrepérola e Frequência Insólita da Editora ANDROSS, Poesia Nova e Conta Conto da Clipe; poetize 2019 e 2020 e Sarau Brasil da Vivara; Poesia Verão, Inverno, Primavera e Outono e Conto Brasil vols. 3,4 e 5 da Editora Trevo; Imortais IV da Editora Alternativa.

 

PREFÁCIO 

“A vida é o livro a ser lido!” 

Em sua segunda obra solo, o autor Adecir das Chagas Gomes apresenta o sentido da vida em várias facetas que compreendem a amplitude do ser humano. Com destreza, ele solta a mão, sendo conduzida pelo seu coração. Sentindo a vida, ele a acolhe em sua totalidade e fragilidade, mas sabe bem que nem tudo escolhe! 

A Ilha Sinfônica é uma obra na qual expõe a vida como sujeito em ação que contempla a bondade divina espelhando-se na sua categoria de pessoa que se relaciona com o criador num encontro de amor, ainda que, em alguns momentos, seja vista como nada e solitária. Mas, bem a verdade, a Ilha Sinfônica é rodeada por um imenso mar, que a banha com o seu mistério. Agraciada com a beleza de uma montanha, esta apresenta à Ilha Sinfônica os seus desafios para que, diante de sua grandeza, se contemple uma Outra Beleza, que a todos refaz! 

Esta vida, quando em perigo, levanta o olhar para a Árvore da Vida, da qual vem o seu socorro. Quando verde e florida produz bons e saborosos frutos; mas, quando seca, tornando-se madeiro, produz apenas um fruto: o amor. Este é o socorro daquele que na Cruz é o Senhor! 

Na leitura da Ilha Sinfônica se lê a sensibilidade do autor, que vê a ciranda da vida, desde a inocência da infância, a força criativa da juventude, a maturidade do adulto, a sabedoria no envelhecer até a coragem de morrer! A ciranda da vida é animada pelo ritmo da amizade, da fé, da educação, do trabalho, da religião, da festa, dos sentimentos, da consciência, dos valores 

éticos… do bem viver! É verdade que há outro ritmo, que pode desfazer essa ciranda da vida, mas, quando todos estão de mãos dadas, a vida se torna mais forte, mantendo o ritmo da grata memória, porque a “vida é um livro a ser lido!” 

Desejo a todos leitores uma boa e agradável leitura da sua própria Ilha Sinfônica, para que perceba o seu profundo sentido de viver! Fique bem junto daquele que é o Sumo Bem! 

Um abraço fraterno. 

José Alexandre Mosqueli de Almeida, MIPK. 

Link para página do livro. 

  (   (   SELEÇÃO de POEMAS   )    )

A BARCA

A barca flutuante ao longo mar,
Entre perigos, tempestades e ventania a assolar;
No tempo aloprado e sombrio,
Desponta o porvir sereno e frio.

Na barca deslizando entre os ventos,
Pescadores assustados espalhando sementes;
Lançam suas redes pescando alentos,
Na calada da noite ouvem-se sussurros intrigantes.

A barca da nova criação,
É um presente da evangelização;
Fertilizante do coração do povo,
Ressignificando um mundo novo.

A barca isolada no deserto,
Em que na certa não existe habitação;
Encontrada a sua carcaça no chão,
Onde ficou o sinal de uma história,
Documentando o tempo de uma memória.

 

AMOR EM SILÊNCIO

O amor perdeu a sua voz,
Na prepotência ressentida;
Magoada, entristecida, sem vida,
Fechada na casa não servida.

O amor enturveceu sua luz,
Não foi compreendido na cruz;
Em silêncio de calvário,
No sacrifício do suplício,

Entre o galho e as folhas,
Saboreio os frutos do lenho,
Na sombra das árvores,
Refazendo-me no engenho.

No corpo do silêncio,
Sussurra a experiência;
Do amor em audiência,
Entre a vida e o ofício.

 

 

O QUASE NADA

O homem é o quase nada,
Um ilhado nas águas dos sonhos;
Decidido a abandonar-se na vocação,
Identificando-se com a sua missão.

O meu nada está cheio do tudo,
Embebido na mística divina;
Reservado nas entranhas do Téo,
Revelado no Mistério do neo.

O Sonho abraça o princípio,
Correndo em busca do prêmio;
Na corrida da fé em milênio,
Realizado no teatro do silêncio.

Eu sou o quase nada,
Amigo na corrida dos sentidos;
Em busca de uma resposta amada,
Revelado num abraço de abandono.

Entre tantos quase nada,
Sou um grão perdido no mar;
Debaixo do infinito do céu,
Na multiplicidade do mundo.

Na compreensão da Trindade,
O Filho é o coração do Pai,
No Espírito da Verdade,
O homem é a réstia da luz.

Diante da graça sou o quase nada,
Ouço o chamado da profundidade;
Na voz para conhecer sua morada,
E permanecer na sua intimidade.

O totalmente outro se doa ao quase nada,
Assume na sua imensidão a miséria do coitado;
Abrindo as entranhas para acolher o nômade;
Num abraço de amor estende sua majestade.

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