Escrita Criativa

A Importância da primeira revisão no trabalho editorial

Publicar livros são desafios com altas cargas de recompensas, assim com escalar montanhas, e há etapas que não podem ser ignoradas no caminho até o livro estar pronto para os seus leitores. Neste pequeno artigo vamos falar sobre a primeira revisão do original e como ela se encaixa na editoração de uma obra seja ela literária ou não.

Depois da escrever e colocar o ponto final, o ideial é que conte mais com um amigo-escritor para uma leitura sincera e um revisor profissional para finalizar o arquivo do seu original. Essas conversas sobre o texto e literatura fazem parte da formação do autor e com o tempo fará parte também de sua rotina, inclusive com a leitura e crítica de manuscritos de amigos também.

Para organizar, listei abaixo mais alguns pontos positivos de tratar “cara a cara” com um profissional, discutir alguns fundamentos e até mesmo encontrar errinhos que acabam passando no decorrer da escrita:

1. Profissionalismo e primeira impressão
O original é a base do trabalho que a editora terá com o autor, e textos bem estruturados, coesos e com poucos erros transmitem profissionalismo e cuidado desde o “nascimento”. Isso aumenta as chances de o livro ser bem recebido e deixa as próximas etapas da editoração encaminhadas para a preparação do texto e projeto gráfico.

2. Clareza de ideias e intenção autoral
Ao revisar com o revisor diretamente, o escritor tem a chance de perceber se suas ideias estão sendo comunicadas de forma clara e leve, sem a pressão institucional de uma editora nesse momento. O revisor experiente ajuda a identificar pontos confusos, lacunas de lógica ou partes mal desenvolvidas, sempre respeitando a voz do autor, e deve repassar aos autores de forma didática.

3. Correção de erros que passam despercebidos
Mesmo autores experientes cometem erros de digitação, gramática ou repetição. O olhar externo do revisor identifica esses deslizes, que o autor pode não perceber por já estar familiarizado com o texto.

4. Aprendizado e amadurecimento
Além das óbvias melhorias que um revisor pode oferecer ao texto, a troca de ideias com o revisor pode ser muito fecunda para a evolução da carreira do escritor, acumulando conhecimentos técnicos, tirando dúvidas pontuais. Dependendo da relação estabelecida, o revisor pode escrever um prefácio, texto de orelha, etc…

 

Neste fluxo, é importante delegar tarefas a outros profissionais se necessário. O copidesque, por exemplo, é o profissional que promove uma revisão estrutural da obra, melhorando o texto e até mesmo reescrevendo trechos. O editor tem a função de coordenar a equipe (capa, diagramação, revisão final, etc) e entregar o livro pronto e catalogado.

 

Veja aqui mais sobre como publicar com a Trevo.

 

Texto técnico escrito com apoio de Gemini.

Análises e resenhas

O peso da existência e a leveza do banal

 

Poemas de Roberto dos Santos abordam a consciência da finitude, a relação com o tempo e o amor, o que há entre quem escreve, quem lê e a própria poesia

Com poemas, em sua maioria, feitos num mesmo esforço e período, a obra Homo Liricus (Editora Trevo), de Roberto dos Santos, com capa de Carlos Décimo (artista plástico; capas de Tensões Mundias e ComCenso; disponível em Binária Arte – https://binaria.art.br/artista/carlos-decimo/), é atravessada por existencialismo lírico e, por vezes, melancólico (não confundir com depressivo). O livro apresenta poemas irreverentes, poemas no meio do caminho entre trova e haicai, sonetos modernos e outros de curta e média extensão, rimados ou não.
Segundo Batista de Melo, editor e ex-presidente da Câmara do Livro – DF, a obra

reúne um conjunto de poemas nos quais temos encontro com um cerne lógico, trabalhado na invocação de palavras e momentos, nos versos encontramos ferramental reconstrutor de nossas medidas. Desse modo, o Poeta nos convoca a encontrarmos fundantes abismais em nossa alma, criando desmesuras e desequilíbrios prazerosos.

Para André Cunha, escritor indicado ao prêmio Jabuti pelo livro Quem falou? (Penalux, 2023),

O livro é um apanhado de temas diversos e formatos textuais diferentes, com um tom que eu diria melancômico, mistura de melancólico com cômico. Tem poemas com pegada metalinguística, falando sobre o fazer poético e o ato de fazer poesia, misturados com o peso da existência e a banalidade da vida. Tudo o que se espera de um livro de poesia.

Além de temas universais como a consciência da finitude, a relação com o tempo e o amor, o que há entre quem escreve, quem lê e a própria poesia, o livro fala de morte, loucura, do ser criança, copos, travesseiros, ansiedade, o movimento moroso da rua visto da calçada e muitas outras coisas engraçadas e sérias, profundas e banais, mostrando que a poesia pode estar em qualquer lugar para onde se olhe com curiosidade. Também pululam na obra jogos verbais, trocadilhos e sacadas poéticas que lançam mão de palavras inventadas a partir dos radicais e afixos que conhecemos.

 

TRECHOS (QUARTA CAPA):

carregando
nas mãos flagelos, espelhos retorcidos e sementes mortas
e não tenho como sair do
sonho que todos os meus despertares teceram

do poema E o que é o mundo?

 

vejo minha sombra
sozinha a caminhar
ao longe
a ver
a fantasmagórica marcha das horas invisíveis

do poema Telúrico

 

Falta que se faz presente
escalas de dor em camadas
é triste e não se sabe
amarga, queima
adormece e não acalma

do poema Saudade

 

O véu do mundo vai se descortinando
Cada queda é um passo
para se pôr em pé
toda a promessa de uma vida

do poema Criança

 

AUTOR:
Roberto dos Santos, doutor em Sociologia pela UnB, professor do Instituto Federal de Brasília (IFB), autor de Nomear é Preencher o Vazio (poemas, Editora Trevo), cearense de nascença e brasiliense há 13 anos. Poeta, cronista, resenhador, contista, inclusive de contos infantis, prefaciador e avaliador em concursos nacionais de poesia, já teve poemas, contos e crônicas destacados em concursos e em coletâneas nacionais.

LINK DO LIVRO:
https://editoratrevo.com.br/produto/homo-liricus-roberto-dos-santos/

LANÇAMENTO:
10/04 (quinta-feira), a partir das 19 h, Baobar 411, 411 Norte, Bloco B, Asa Norte, noite de autógrafos e happy hour com forró. Bora?

SERVIÇO:

“Homo Liricus”, poemas; Pólen Bold. 148 páginas. 14 x 21 cm. R$ 40,00 (Editora Trevo, 2025) – Roberto dos Santos. @robertodasilva312
[+] info.: robertosdasilva@gmail.com